Os minutos passaram e eu nem notei os segundos. Virei os dias para chegar no final da semana, como quem vira a página de um livro querendo logo o próximo capítulo. Estamos em muitos lugares, menos no presente. Trocamos o agora por lembranças passadas ou suposições de um futuro aleatório. Viver sem apreciar os momentos de hoje, é como viajar ignorando a vista. A melhor das paisagens é aquela que temos nesse exato instante.

Esperamos viver um nascer do sol na praia, mas não aproveitamos o céu estrelado de uma noite em casa. Sofremos por quem saiu, sem reconhecer o valor de quem ficou. Por vezes, soltar não é perder, é ter as mãos livres para segurar algo melhor. Não se conhece um novo lugar, sem deixar para trás os quilômetros antigos. De todos os professores, o tempo é o que mais ensina. A vida é uma viagem só de ida, então precisamos seguir para onde vale a pena chegar.

Não somos peças de um relógio para vivermos no automático. Viver precisa ser proposital e não uma sequência de dias sem sentido definido, indo para qualquer lugar, de qualquer maneira. Destino não é um tempo longe e nem um sonho distante. Ele já é o próximo segundo e a nossa respiração seguinte. A vida é um amontoado de antes e depois, mas só o agora é real e só nele devemos viver.