Não escrever é seguir morto, enquanto só o corpo vive
Foto: @cida.aquecida |
Em uma manhã carioca e chuvosa, onde tudo ganhava tons de cinza, visitei o CCBB e me deparei com a exposição do artista chinês Ai Weiwei. A mostra é uma abordagem sobre as raízes presentes na história do artista e de tudo que influenciou sua arte até aqui. Me deparei com obras que no fundo podem ser consideradas um louvor aos traços de cada cultura, natureza e singularidade de um povo. Com uma facilidade e sensibilidade, o Ai Weiwei passeia por esculturas, fotografias, documentários e escritos com um único objetivo: mostrar que tudo é arte e através dela falamos aquilo que precisa ser dito.
Foto: obra de Ai Weiwei exposição CCBB RJ |
Ao longo da exposição respirei inquieta a vontade de espalhar uma arte tão crítica e politicamente atuante, quanto a que o Ai Weiwei faz. Ele cria ciente da importância dos ideais presentes em cada obra sua. Ai Weiwei tem a arte como um amplificador pronto para criticar, alertar, denunciar, defender e inspirar. Sua obra enfatiza um comprometimento social, ao passo que rompe com todo e qualquer silêncio encarando as intimidações de frente. Presenciar sua luta para continuar fazendo arte mesmo diante das ameaças, me fez perceber que Ai Weiwei ensina como um artista deve ser. A arte precisa ter propósito e servir de arma em tempos de crise. Ela deve ser ponte capaz de nos levar para tempos melhores.
Foto: obra de Ai Weiwei exposição CCBB RJ |
Fui tocada e modificada com a arte do Ai Weiwei e aprendi muito sobre criar sabendo o quê verdadeiramente precisa ser dito. A exposição me entregou um desejo ardente de sair do pensamento e agir buscando a mudança que muitos só esperam. Liberdade não é dada, ela precisa ser conquistada e devemos usar nossa voz para isso. Atitude é espírito de urgência para um presente que ainda não aprendeu com o passado. Futuro nenhum é construído apenas com discursos. Se você não luta pelo que é certo, irá assistir o errado ganhar espaço. Presenciar um erro e nada fazer, é apoiar ele silenciosamente.
Foto: Exposição CCBB: Ai Weiwei Raiz |
Ai Weiwei em poucas palavras me disse grandes verdades através das suas obras. Escrever e contar histórias sempre foi a minha forma de respirar. Perder isso seria como morrer enquanto só o corpo vive. Depois da exposição, eu sigo certa de que uma vida longe da arte seria um caminho sem sentido me levando para lugar nenhum. A arte é crítica e grita, por isso muitos temem o grito de um artista.
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