Uma madrugada para quem sonha acordada com mundo
Lá fora, tudo ganhou silêncio e ruas tão pacatas quanto um domingo de chuva. Algum carro solitário, passa rápido e deixa um breve sinal de vida humana, que logo se dissipa por entre a quietude noturna. Para grandes avenidas a madrugada é toque de recolher, mas para a minha casa, a madrugada é meu meio dia em plena meia noite.
Longe de ser uma metáfora, a noite cuida da calmaria que o dia não conserva. Mesmo deitada, ainda viajo mais do que fico onde estou. A melhor forma de me encontrar, é me perder em pensamentos e planos. Tudo em mim, recebe o espaço que merece e sou imensa demais para me limitar ao que sou ou tenho. Ainda guardo fotos de lugares que pretendo conhecer e tenho fotos dos lugares que nunca pensei em gostar e agora já amo.
Em minha sala que também é quarto, falo de metas e traços estratégias com quem mais confio: eu mesma. Não que não confie em ninguém, pois confio sim, mas não existe melhor pessoa para se confiar primeiro, do que em si próprio.
Tenho em mim tudo que ainda não mostrei. A noite, em casa, eu sou como pássaro em gaiola, esperando o momento certo da saída. É preciso deixar a camuflagem de lado e se despir das máscaras. Viver é encarar as ruas sem medo das esquinas. Esbarrar com pessoas e transbordar sentimentos nos encontros. Perceber e não apenas olhar.
Lá fora: o mundo. Em mim: tudo.
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