A garota da parede


Foto: BlogAqueCida


Seja a parede de um muro de rua, bar, praça ou metrô, a garota sempre descansava suas costas sem a menor cerimônia. Hora de braços cruzados ou de mão solta, ouvia suas músicas preferidas em seus fones de ouvido. Distante de tudo e tão perto dela, olhava para o que acontecia em sua volta, sem o desejo de ser notada.

Em silêncio, ela percebia além do que era óbvio. Para ela, nada se resumia ao que aparentava ser. Sempre soube, que as coisas são o que são, mas que volta e meia, esquecemos disso e insistimos em vê-las ao nosso modo. Quando olhava, ela se preocupava em apenas contemplar, pois os olhos que julgam ela nunca preservou. 

É humano saber que ninguém se resume ao que faz, diz ou mostra. Sentir-se diferente é tão igual que todo mundo sente ou já sentiu o mesmo. E ela ama levar esse conceito como uma verdade pessoal. E o que ela detesta? Detestar qualquer coisa. Nenhum sentimento pesado vale a perda da leveza do que somos.

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